Esta é a quarta parte da série A Trilha, caso não tenha lido a Introdução ainda, ou as anteriores, clique AQUI!

O primeiro oásis é quando você descobre que a causa de suas dores pode ser retirada de você.
Prudentemente, vou usar outra forma de fazer você entender realmente como se libertar dos bloqueios emocionais, por isso faço uma observação importante: A causa da dor, ou seja, o que você viveu, não tem como mudar. Como mudar um evento de abandono de um pai? Como mudar o evento de violências físicas e emocionais? Não podemos mudar o evento, ele é um fato e fatos não se mudam.

Então, para você entender como eliminar um bloqueio emocional, tenho que explicar uma coisa muito importante sobre como seu cérebro guarda os traumas emocionais, memórias negativas e pensamentos limitantes.

ESTUDOS SOBRE NEUROCIÊNCIAS E COMO ISSO MUDA O PROCESSO TERAPÊUTICO

O que a neurociência nos ensina hoje é que o cérebro não consegue definir se um trauma foi gerado ontem ou há 20 anos, esse é o princípio da atemporalidade do cérebro. Essa mesma área de estudo diz que a memória é uma nuvem de poeira e fumaça dentro do cérebro. Nós, seres humanos, não conseguimos nos lembrar de 100% dos detalhes de qualquer evento. Os cheiros, as emoções, as imagens, formas e duração do evento passam a ser representações fatiadas da realidade.

E então compartimentos diferentes do nosso cérebro guardam as memórias, conforme o grau de importância, para cada compartimento cerebral.

O primeiro compartimento a guardar alguma informação é o cérebro reptiliano. É o que chamamos de cérebro basal. Ele é responsável por reter todas as informações que dizem respeito à sua segurança. Para proteger sua integridade física sobre qualquer coisa que possa acontecer, esse compartimento memoriza alguns milionésimos de segundo dos momentos que você viveu antes de alguma lembrança que lhe trouxe muita dor ou alegria. Ele faz isso para que você possa saber intuir se irá se repetir o mesmo evento, ou eventos semelhantes.

Instituto Saulo de Paula - cérebro

Um exemplo disso é quando uma criança de 6 anos acorda todos os dias com um dos pais levantando o cobertor com força e falando “Acorda preguiçoso!”. O cérebro basal retém aquele momento antes de acordar, o que logicamente é o “estado de dormir momentos após o dia clarear”. E então, agora, essa criança já adulta, tem crises de ansiedade e insônia.

Devido à atemporalidade do cérebro, se descobre que a memória do sentimento angustiante de ser acordado daquela forma gerou uma tentativa do cérebro “proteger”, mesmo que inconvenientemente, a pessoa, fazendo-a ficar em estado de alerta durante a noite para não ser pega de surpresa de manhã.

Outro exemplo é de uma pessoa que perde um familiar, e isso é extremamente traumático para muitas pessoas. A fase da dor é forte, e justamente nesses momentos nosso cérebro está funcionando em ondas Theta. É uma frequência cerebral que faz nossa percepção emocional estar atenta ao ambiente e a nós.

O exemplo de quando estamos nessa frequência é o do sono leve. Qualquer barulho pequeno, se feito de surpresa perto de nós, parece que uma bomba explodiu a casa, tamanho o impacto em nosso cérebro inconsciente. Nesse momento do luto e da dor extrema, ao ficar exposto ao cheiro das flores do ambiente, já não é mais possível separar o sentimento da dor com o cheiro do ambiente.

E mesmo que anos se passem, ao sentir o cheiro daquelas flores, uma sensação de tristeza absoluta toma conta da pessoa.

Por esse motivo, muitas pessoas sentem-se tristes, mas não sabem por que estão se sentindo dessa forma. O Cérebro límbico, o compartimento responsável pelas emoções, faz a memorização somente do cheiro com a dor.

O último compartimento cerebral é um compartimento do pensamento consciente. É este cérebro que estamos usando ao ler, ao interpretar o farol de trânsito abrindo e fechando, ao observar nossos filhos brincando e olhando à volta deles para protegê-los num parque. Tudo o que fazemos, analisando conscientemente, tem o uso do cérebro frontal. Chamamos de Neocórtex.

Esse cérebro retém memórias recentes e se compara à memória RAM do seu computador. Um computador pode ter 1 terabyte de memória (o que é muita memória!), mas se tiver somente 2 GB de RAM, não consegue mais do que abrir uma página de internet e usar o Windows ou o MacOS (Sistemas operacionais da Microsoft e Apple).

Seu cérebro é igual. Seu Neocórtex te habilita executar funções de pensamento, lógica, raciocínio e as funções motoras. Mas, por causa dessa habilidade, ele não pode “lotar”, e por isso envia as memórias para os outros compartimentos, para ficar com mais “espaço livre” para continuar executando as atividades que você precisa fazer diariamente.

Instituto Saulo de Paula! Deixa eu te contar um segredo!

NOSSAS LEMBRANÇAS SÃO ATEMPORAIS . SUA MENTE INCONSCIENTE NÃO SABE DISTINGUIR UMA MEMÓRIA DO PASSADO OU UMA IMAGINAÇÃO

Agora que você conhece como suas memórias são guardadas, o nível do oásis é permitir que você mude a percepção que teve, sobre uma memória.
Chamo de oásis porque, ao descobrir isso, temos alívio em saber que a mudança na vida de qualquer ser humano é possível.
Te mostrei como é possível ter uma memória alterada pelo padrão de percepção.

BASTA MUDAR A PERCEPÇÃO E MUDAMOS O PADRÃO DE PENSAMENTO.

A missão mais bonita de um terapeuta é auxiliar outras pessoas a terem suas percepções sobre essa memória, redesenhadas ou reprogramadas. Através dos métodos corretos, nós, terapeutas, acessamos a área onde se encontra a emoção bloqueada.

As emoções ficam bloqueadas, lembre-se, devido à atemporalidade do cérebro.

O que é atemporalidade do cérebro?

Tem pessoas que têm bloqueios tão fortes que, após passar a fase em que se está vivendo no automático, como trabalhar incansavelmente a vida toda ou após uma aposentadoria, a pessoa passa a ter comportamentos de transtornos obsessivos, como excesso de limpeza. Esses transtornos podem ter sido gerados por uma memória infantil, um trauma sexual na fase em que a onda Theta é predominante no cérebro e marcou profundamente o estado inconsciente da pessoa. E agora na fase adulta, uma percepção inconsciente de que se é “suja” emerge com enraizamento nas ações do dia a dia, que posso traduzir como o“ desejo de ser limpa novamente”.

Instituto Saulo de Paula - A Trilha - Parte 1 - A Dor Extrema

UMA MEMÓRIA DO PASSADO, PRINCIPALMENTE SE OCORREU O TRAUMA NA INFÂNCIA, O INCONSCIENTE GUARDA E TRANSFORMA EM SINTOMAS NO CORPO E OBSESSÕES DA MENTE

Essa foi a quarta parte da série A Trilha.

Em breve postarei a parte 5…

Até mais!